sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Enchendo Lingüiça

Aquele gol do Pet...

Meu melhor amigo é vascaíno!

E antes que vocês me digam "pô, Tatá! tu tá mal de amigo", quero lembrar que, em dezembro passado no Maracanã, naquela peladinha-festa que o Zico promove anualmente, estavam na "Seleção dos AMIGOS do Zico" Edmundo, Marcelinho Carioca e Renato Gaúcho. Tá mal de amigo, heim Galo...

Mas eu tô falando do Marquinhos. Irmão de longa data, parceiro de estrada e de banda. É padrinho do Otto, meu filho caçula. Nos conhecemos na faculdade e hoje tocamos o trampo aqui no Rio de Janeiro.

Naquela final do estadual de 2001, eu e o Marquinhos morávamos juntos em São Paulo e acordei naquele domingo com uma grande preocupação: o que fazer pra agüentar esse cara caso o Vasco seja campeão? Tentei sair pela tangente:

- E aí, Marquinhos? E pro jogo de hoje? Que tal promovermos o churrasco da vitória? A gente chama a galera, assa uma carninha enquanto rola o jogo.
- CHURRASCO DA VITÓRIA??? Tá confiante assim? com platéia e tudo mais? riu e ironizou.
- Confiante não, muito pelo contrário. Mas hoje sai um campeão. Acho até que será o Vasco. E aí? topas?
- Vamos... se você quer...

Televisão e churrasqueira lado-a-lado, COMEEEEEEEEEEEÇA O ESPETÁCULO!!!!
Eu tava muito nervoso. Aturar o Marquinhos não é mole. MENGÃO 1 X 0! comemorei moderadamente, pois o resultado ainda era deles. Quando o bacalhau empatou, o vascaíno abraçou e beijou a televisão. Eu desejei muito que ele se confundisse e fizesse o mesmo com a churrasqueira. MENGÃO 2 X 1! Não esbocei a menor reação, o que causou estranheza no meu cumpádi:

- Foi gol de vocês...
- Eu sei, não sou cego.
- Não vai comemorar?
- Comemorar o quê? o resultado ainda é de vocês.
- Hehehehehehe....

Finalzinho de jogo e eu comecei a tomar providências para enfrentar o pior. Enchi a cara de cachaça. Mas eu precisava perder com dignidade. Propus um aperto de mão:

- Parabéns, essa vocês levaram.
- Não, não! Parabéns é o escambáu! Ainda não acabou o jogo. Vai secar o cacete!.

Agora quem tava nervoso era ele, que não tirava os olhos da televisão e recolhia as mãos, recusando o cumprimento. Eu tava relax. Completamente bêbado.

- Vai, deixa de ser viado. Toca aqui. O Vasco mereceu. Venceu o melhor.
- Pára! Não vou te dar a mão. O jogo ainda não acabou. OLHA LÁ! FALTA PRA VOCÊS!

Eu nem tava mais aí pro jogo. Não vi a tal falta. Insisti no aperto de mão e me espantei quando vi o Marquinhos de boca aberta, absolutamente imóvel, afônico e apontando pra televisão. Pensei: "já era. acabou o jogo e o cara teve uma convulsão". Enquanto eu ainda insistia no aperto de mão (bêbado não desiste...), olhei de rabo-de-olho pra televisão e lembro apenas dessa imagem que aparece aí no alto. Dessa forma mesmo, congelada. O mundo parou, a carne queimou... ficamos ali, imóveis. Ele tentando acreditar e eu tentando entender. Foi preciso meu sogro quebrar o silêncio: "é, João... é isso mesmo que você tá vendo. Pode acreditar. Mengão campeão!"

Nesse dia eu tive a prova que eu também sou o melhor amigo do meu amigo, pois eu no lugar dele teria enfiado a minha cabeça na churrasqueira. Saí correndo pelo quintal, peguei os copos de todos que estavam participando do evento e despejei-os sobre meu querido vice! Num gesto de vingança, fui em direção à televisão. Abracei e beijei a testa do Zagallo. Depois arranquei minha camisa e tentei colocá-la no Marquinhos. O máximo que consegui foi "encapuzá-lo". Joguei-o no chão e abraçados, numa cena que beirava a baitolagem, rolamos pelo quintal aos meus berros "É NOSSO, PORRA!"

A ele, só restou me acompanhar na bebedeira. Depois disso, só lembro da ressaca do dia seguinte.

Domingo tem mais Flamengo x Vasco e eu já tô pensando num churrasquinho de varanda.

Saudações Rubro-Negras!

Um grande abraço do Tatá.

O "Enchendo Lingüiça" de hoje é dedicada ao Yan, meu sobrinho que vai nascer hoje à noite. Seja bem-vindo, rubro-negro!





No jogo-festa do Zico, Tatá realizou um grande sonho até então por ele inimaginável: comemorar com seus dois filhos um golaço do Galinho de Quintino. Odeia dirigir e faz da bicicleta seu principal meio de transporte.

6 comentários:

Blis disse...

Sensacional...

Muito engraçado... este jogo, este lance, este gol narrado por qualquer Flamenguista que estava presente ou não no Maracanã é sempre Sensacional.

O tempo realmente parou pra você naquele momento, parou para a multidão que acompanhava no Maracanã e parou para mim.

Sensacional...

Fábio Martins disse...

Joguei-o no chão e abraçados, numa cena que beirava a baitolagem, rolamos pelo quintal aos meus berros "É NOSSO, PORRA!"

A ele, só restou me acompanhar na bebedeira. Depois disso, só lembro da ressaca do dia seguinte.


Espero que vocês tenham usado camisinha hein...

Abração e SRN

JUBA Spaziani disse...

Massa Tatá.

Esse jogo aí todo rubro negro lembra do seu jeito....proponho até, no aniversário de 7 anos desse gol (em maio ou junho), fazermos uma rodada com cada um escrevendo só sobre esse gol.

Aposto que cada história vai ser diferente da outra.

JUBA Spaziani disse...

Pronto....descobri....esse gol foi dia 27/05/2001.

Rafael Lima Simões disse...

Esse jogo eu vi com um sãopaulino, o cara era muito chato, desde o começo do jogo ele falava, porra vão perder o Vasco tem esse, tem aquele, blábláblá da porra.

Quando veio a cobrança de falta e o gol, ele apanhou tanto, eu batia nele com vontade, depois ele foi ver a final da copa dos campeões comigo, contra o SP dele, no mesmo ano, e de novo o Pet de falta fez um golaço. Ele não acreditava, e mais porradas ele tomou, vê se assim larga de ser bambi.

Mr. Riff disse...

Alô família rubro-negra!

Vamos precisar de mais um assento no Maracanã! Yan nasceu às 19:12 de hoje (15/02). Mãe e filho passam bem
e o paizão aqui babando horrores! Beijão Tatá! Teu sobrinho é lindo e
estamos te esperando aqui! Te amo!

Felipe