quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

MENGÃO JOGOU. EU FUI.

Foi um FLAMENGO X RACING pela Supercopa dos Campeões. Uma noite gostosa de novembro de 1992.

O jogo foi disputado no estádio do Pacaembú, porque o Maracanã estava em reforma. Parte da arquibancada tinha caído na final do Brasileirão daquele ano.

Naquela época, e já se vão 16 (DEZESSEIS ANOS!!!!!), o calendário era totalmente diferente. No primeiro semestre era disputado o Brasileirão, que ia mais ou menos até julho. Depois era a vez dos estaduais.

Meu pai, que nunca gostou de ir aos estádios, naquela época já falava da violência e dos perigos de assistir às pelejas in loco. Mas daquela vez não deu. De tanto enchermos a paciência, meu velho foi obrigado a nos levar. Eu tinha 14 anos. Meu irmão tinha 8.

Como todo Flamenguista que não mora no Rio, eu também sempre ouvia aquelas perguntinhas cretinas: “Mas porque Flamengo? Você por acaso nasceu no Rio? Porque você não torce pra um time de Goiás? E aqui em São Paulo hein? Torce pra quem?”

PRO FLAMENGO PORRA!!!!!!!

Eu sempre me estressava com essa sabatina. Hoje me acostumei.

Na época estudava no NEC e cursava a 8ª série. Avisei a todos meus colegas que ia ao jogo. E, na saída da escola, fiz uma aposta com um dos zeladores do colégio. O nome do cara era Silas. Palmeirense, gente boa, mas que nunca entendeu o porquê do Juba (sim, nessa época esse já era meu apelido) torcer para o Mengão.

Saímos de Mogi por volta das 8 da noite. O jogo estava marcado pras 9:30. 50 minutos depois, nosso carro já estava devidamente estacionado. O trânsito no começo dos anos 90 não assustava tanto.

O Pacaembú recebeu umas 15 mil pessoas. Lá encontramos um amigo de infância, o Matheus, que hoje mora em Niterói. Tinha a mesma idade que eu. Era uma quarta feira. Me lembro de ver muitos corinthianos por lá. Muitos mesmo. Tinham até um grito de guerra que falava: TIMÃO, MENGÃO, TORCIDA DE IRMÃO. TIMÃO, MENGÃO, TORCIDA DE IRMÃO.

O jogo foi massa demais. Abrimos o placar ainda no 1º tempo com um gol de falta do Júnior, na trave da entrada do pacaembú, no lado esquerdo do nosso ataque, perto da lateral.

Logo depois o Racing virou e alguém fez um gol de cabeça, acho que foi o Rogério. Aí o Racing fez 3 x 2 aos 40 e poucos do segundo tempo. Nessa hora gelei. Só pensava na aposta que tinha feito com o Silas.

Não era justo. Não tinha lógica. Nosso time era o Campeão Brasileiro pô. Como a gente podia tomar uma daquelas de um time argentino jogando em “casa”? E minha aposta? Não era possível! Eu tinha dois resultados a meu favor, e só a derrota contra. Só pensava num jeito de fugir dessa aposta. Ficaria falado no colégio. Garoto sem honra. Não cumpre com a palavra. Ia ter que encarar. Tava ferrado!

Eis que lá pelos 47 do 2º tempo numa jogada pela direita do nosso ataque acontece um pênalti pro Fla. Não acreditei. Pra falar a verdade nem vi o tal pênalti. Só me preocupava com a aposta. A trave era a do tobogã. Djalminha chama a responsabilidade. Pega a bola, coloca a redonda debaixo do braço e espera a argentinada acabar com aquela catimba. Põe a pelota na marca da cal, toma distância, corre e (silêncio no estádio) mete pra dentro!!!!

Me lembro exatamente do barulho: Um TÂP seco e um TCHOF gostoso da rede balançando. O juizão acabou o jogo logo em seguida.

Djalminha não sabe, mas naquela noite me salvou de ficar careca.

VEMO-NOS.

Em tempo: A memória é uma ilha de edição.

3 comentários:

Hassan Kishk disse...

Um TÂP seco e um TCHOF gostoso!!!!

NO COMMENTS!!!

João Tatá disse...

E o que há de mal em ficar careca?

Fábio Martins disse...

hehehehehehehe, pobre Silas... O que ele teve que pagar? teve que cortar as madeixas?